domingo, 29 de maio de 2011

Jards Macalé: desafinando o coro dos contentes


Saudações, caríssimos!
Volto, depois de muito tempo, a postar neste blog, e trago boas (não tão) novas. Falemos um pouco do mestre Jards (Anet da Silva) Macalé — músico brasileiro importantíssimo e ainda pouco conhecido, se comparado a seus contemporâneos Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e companhia.
Jards começou sua carreira profissional em 1965, com o grupo 2 no balanço. No mesmo ano, participou do espectáculo Opinião de Maria Bethânia. Contudo, adquiriu maior notoriedade (negativa, no entanto) com sua anárquica apresentação no Festival Internacional da Canção, de 1969, no qual interpretou a canção "Gotham City", com letra de José Carlos Capinam e acompanhamento da banda Os Brasões. O show, que o próprio Macalé define como uma cacofonia, levou o público a vaiá-lo durante toda a execução. Desde então, adquiriu a fama de marginal e avesso ao mercado. Ainda assim, colaborou com discos de sucesso, como Transa de Caetano Veloso, e Legal de Gal Costa.

Ponto alto de sua carreira é a parceria com Wally Salomão (cujos produtos podem ser apreciados na coletânea Real Grandeza). Dentre as músicas geradas dessa parceria, a mais conhecida é "Vapor Barato", que ganhou recentes versões de Gal Costa e O Rappa.
O documentário Jards Macalé: um morcego na porta principal, dirigido por Marcos Abujanra e João Pimentel, estreou na última edição do Festival de Cinema do Rio e está trazendo novamente o compositor carioca à tona. Foi em resposta a este lançamento que a revista Rolling Stones publicou uma entrevista com Jards na edição 44, do mês de agosto.

Confiram a entrevista aqui.

Seguem os links para download de alguns de seus álbuns mais importantes.

Abraços!

ano: 1970
álbum: Só Morto Burning Night - Compacto










ano: 1972
álbum: Jards Macalé









álbum: Aprender a Nadar
ano: 1974









álbum: Contrastes
ano: 1977









álbum: O Banquete dos Mendigos
ano: 1979









álbum: 4 Batutas & 1 Coringa
ano: 1987









álbum: Rio sem Tom (EP)
ano: 1987









álbum: Ismael Silva - Peçam Bis (Macalé & Dalva Torres)
ano: 1988









álbum: Let's Play That
ano: 1994









álbum: Jards Canta Moreira da Silva
ano: 2001









álbum: Amor, Ordem e Progresso
ano: 2003









álbum: Real Grandeza (parceria com Waly Salomão)
ano: 2005








álbum: Macao
ano: 2008

domingo, 22 de maio de 2011

Carlos Careqa - Alma Boa!


Acredito estar diante de um músico e compositor, capaz de daqui a algum tempo ser estudado por pesquisadores da música popular brasileira do século XXI, como um dos grandes expoentes dessa época. Pois, são poucos como ele que levam tão a sério o exercício criativo musical, o exercício de estar sempre se reinventando: Tom Zé, Jards Macalé, Arnaldo Antunes e Arrigo Barnabé, compõem (aqui uma opinião totalmente subjetiva), um grupo que tornar-se necessária a audição, para pessoas que queiram observar a evolução da música popular brasileira.
Se eu tivesse algum embasamento teórico, talvez os convenceria do meu ponto de vista, mas essa é uma opinião de um curtidor de música metido a besta.
Falando um pouco do último álbum, Alma Boa de Lugar Nenhum, de Carlos Careqa, acredito que ele está "cheio de arte, arte até o pescoço". Este é o trecho inicial da primeira faixa do cd, uma verdadeira ode à antonímia que pode ser a  arte. Ao negá-la, ele a reafirma, porém,  sem esgotar a questão que a mantém viva. O que é a arte?
Um "aviso aos navegantes", este é o álbum sem dúvida mais belo de Carlos Careqa, o que faz nitidamente esse percurso pelo mar da criativiadade, então, assim como ele, faça essa viagem, e se por um acaso te sentires "cheio de arte", ancôre.







álbum: Todos os Homens são Iguais
ano: 1993



álbum: Música para Final de Século
ano: 1998



álbum: Não Sou Filho de Ninguém
ano: 2004



álbum: Nosotros que Somos Nós Mesmos
ano: 2005



álbum: Pelo Público
ano: 2007




álbum: À Espera de Tom
ano: 2008




álbum: Tudo que Respira quer Comer
ano: 2009



álbum: Alma Boa de Lugar Nenhum
ano: 2011

domingo, 15 de maio de 2011

Mental Abstrato - Pura Essência



Que a música brasileira é produto de exportação todos nós sabemos. Mas e o rap nacional? Pois bem, mesmo um dos gêneros mais fechados da nossa terra já começa a abrir caminhos mares afora - justo aquele acusado de ser americanizado e não pertencer à cultura popular. Os responsáveis pelo feito são os produtores Calmão e Omig One, conhecidos também sob a alcunha de Mental Abstrato. Juntos, eles confeccionaram "Pure Essence" e chamaram a atenção da gravadora japonesa Goon Trax, que logo colocou o álbum nas ruas orientais.

Quem acompanha o Boom Bap já ouviu falar da Goon Trax e da cena de rap no Japão. Conhecidos por um estilo batizado como mellow rap, os japas acharam nas batidas suaves e fortemente inspiradas pelo jazz um nicho que alcançou sucesso de público e de crítica por lá. Imagine então como eles ficaram quando dois beatmakers brasileiros apareceram com um disco calcado no jazz, no samba e na bossa nova. A resposta é clara: piraram! Um rap ao gosto japonês utilizando os elementos da música brasileira que são mais reverenciados lá fora - "Pure Essence" não poderia dar errado jamais.

E, claro, não deu. Calmão e Omig One mostram um gosto refinadíssimo para batidas suaves. E o melhor de tudo: mostram uma pesquisa musical genuinamente brasileira, algo sempre defendido pelo Boom Bap. Assim, eles produziram um disco de jazz-rap baseados principalmente em samples tupiniquins e mostraram, mais uma vez, a riqueza, a mina de ouro que aguarda languidamente os produtores nacionais nos sebos desse Brasil afora. Entretanto, não se restringiram aos samples; chamaram músicos como Ronaldo Camilo e Marcelo Monteiro para ajudar na instrumentação dos beats arquitetados.

O resultado de toda essa preparação especial são 14 faixas de uma mistura deliciosa de melodias relaxantes e batidas ora mais fortes, ora tão discretas que chegam a se incorporar no mix. O clima, porém, é invariavelmente tranquilo, e induz facilmente o ouvinte a esquecer a correria do dia a dia, sentar no sofá e ouvir o disco do começo ao fim. Dívidas? Problemas com a esposa? Chefe mala? Emprego que você não aguenta mais? Você vai esquecer tudo isso ao ouvir a belíssima composição de "Já Era Uma Vez". O Dodô perdeu dois pênaltis logo contra o Flamengo? Você nem vai lembrar disso com as strings delicadas de "A Origem é Essa".

Além dos instrumentais impecáveis - ainda preciso citar a uptempo "Jazzeira" e a soturna "Bons Fluídos" -, Calmão e Omig One ainda contaram com convidados, a maioria deles providenciados pela Goon Trax. Assim, podemos ver os emcees da banda ArtOfficial Newsense e Logics se deliciarem sobre a batida de "Me Desculpe Mas Não Resisti", com rimas tão leves quanto os samples, e o injustiçado, subestimado e escondido Ohmega Watts mal conseguir disfarçar sua euforia por rimar sobre a base samba-jazz de "Quando Ouviu Meu Samba", com direito a sample vocal tupiniquim e tudo - reparem no emcee se aventurando no português e mencionado samba incontáveis vezes. A outra contribuição "rapeira" é do também gringo Awon em "A Primeira Audição É A Que Fica", toda bossa-nova. Para além do rap, o Mental Abstrato ainda conta com duas cantoras: a francesa Mo'Dyé e a norte-americana Minismooth, que emprestam um pouco de doçura aos beats. E, claro, também há de se mencionar a incursão dos produtores nas rimas em "Assim eu Sigo", a única faixa com versos brasileiros.

Aliás, este é o meu único "problema" com "Pure Essence". Fiquei curioso em imaginar como seria o resultado do disco caso emcees brasileiros também rimassem sobre alguns dos beats da dupla de produtores. E, além das questões estéticas, do que resultaria a aproximação de mais artistas nacionais com a Goon Trax? Talvez mais participações, mais parcerias, enfim. É algo a ser pensado pela cena nacional - um diálogo maior com um país que conseguiu construir um movimento forte e rentável sem os dólares norte-americanos.

Divagações do escriba à parte, "Pure Essence" é um dos álbuns mais originais que o rap brasileiro já viu nos últimos tempos. Calmão e Omig One acertaram em cheio ao valorizarem a música brasileira e criaram um disco consistente, sem sobressaltos e de muito valor. Pena precisarem de pessoas fora do país para mostrar sua música. Em parte, o projeto do Mental Abstrato ilustra, assim como o DJ norte-americano BK-One e seu "Rádio do Canibal", como os gringos estão antenados no potencial da mistura entre os ritmos nacionais e o rap. Sorte, desta vez, que Calmão e Omig One chegaram antes deles. (Fonte: Boom Bap) *Preguiça de escrever alguma coisa.


álbum: Pure Essence
ano: 2010

domingo, 1 de maio de 2011

Amanajé - o "Mensageiro"


Amanajé é um termo de origem Tupi-Gurani e significa o "Mensageiro". Nas tribos que habitavam a América do Sul, um Amanajé era cuidadosamente selecionando pelos caciques, para assumir a responsabilidade de cuidar e levar a informação principalmente em momentos importantes, como o anúncio de grandes vitórias ou num aviso de perigo e na eminência de possíveis guerras.
Agora, o termo Amanajé é utilizado para nomear um quarteto de jazz, que não deixa de ser um "mensageiro", também. Porém, a responsabilidade que eles tem é a de perpetuar ritmos, melodias, harmonias, rufudas, grooves, no melhor estilo jazz, somados aos grooves, se não de origem brasileira, aperfeiçoados por brasileiros como, samba, baião, xote. E claro umas pitadas de rock.
O grupo foi formado no início de 2004,pela afinidade entre músicos que ansiavam por um trabalho autoral e livre de fronteiras estilísticas. Em sua segunda formação (saxofone/piano/baixo/bateria) conta respectivamente com os músicos Raphael Ferreira, Hercules Gomes, Rodrigo Pinheiro e Lucas Casacio.
O grupo tem dois albúns lançados apenas em formato digital, disponíveis para download no site grupoamanaje.com.br. Para 2011, o grupo arquiteta seu terceiro álbum, "Puerto Quijarro", que será lançado no formato tradicional de cd.


álbum: Amanajé
ano: 2004

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álbum: Suite Urbana
ano: 2010

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