quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Diálogos: Paulo Plínio Abreu e Mário Quintana

O comedor de fogo

Veio do comedor de fogo e de seus milagres a esperança impossível
Do comedor de fogo e de seus milagres à porta de sua tenda
Onde dormiam cães numa nuvem de moscas.
Veio do comedor de fogo a esperança de mundos impossíveis.
Veio dessa lembrança hoje apagada pelo tempo o sombrio desejo de evasão.
Veio do comedor de fogo a visão da vida aberta como um grande circo
E o convite irreal para a distância onde se esconde a morte.
Até o amor se perdeu nessa lembrança de um estranho comedor de fogo
E toda a infância confundiu-se com os milagres desse saltimbanco
E de seus cães doentes à porta de sua tenda.
(Paulo Plínio Abreu)




Esperança


Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano

vive uma louca chamada Esperança
e ela pensa que quando todas as sirenas
todas as buzinas
todos os reco-recos tocarem,
atira-se
e
- o delicioso vôo -
será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
- Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá, então,
(é preciso explicar-lhes tudo de novo!),
ela lhes dirá, bem devagarinho. para que não
                [esqueçam nunca:
- O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
(Mário Quintana)

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

"O afeto é a cola da memória"

Poderia fazer morada às margens do teu coração. Depurar as águas desse rio que dele deságua. E cultivar vida. Então, saberias que a dor é só princípio de alegria.