quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Do silêncio faço um grito

Porque o corpo todo me dói e preciso chorar um pouco. Solidão! Que nem mesmo essa é inteira, há sempre uma companheira, uma profunda amargura.

E para dar voz a esse grito, o projeto Hoje, tem sido também uma companhia.

Sônia Tavares, com sua voz doce e retumbante, confere às músicas de Amália Rodrigues, verdadeiro entusiasmo, daquele de que se está tomado por algum Deus. Junto com Fernando Ribeiro, Nuno Gonçalves (idealizador do projeto) e Paulo Praça formam a hierogamia que da à luz, Amália Hoje.

Nos versos de Amália Rodrigues, Hoje, sinto que a alma cá dentro se acalma. Pois ela tem sido, nestes dias, um misto de ventura, saudade, ternura e talvez amor.


Hoje
álbum: Amália Hoje
ano: 2009

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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Diálogos: Paulo Plínio Abreu e Mário Quintana

O comedor de fogo

Veio do comedor de fogo e de seus milagres a esperança impossível
Do comedor de fogo e de seus milagres à porta de sua tenda
Onde dormiam cães numa nuvem de moscas.
Veio do comedor de fogo a esperança de mundos impossíveis.
Veio dessa lembrança hoje apagada pelo tempo o sombrio desejo de evasão.
Veio do comedor de fogo a visão da vida aberta como um grande circo
E o convite irreal para a distância onde se esconde a morte.
Até o amor se perdeu nessa lembrança de um estranho comedor de fogo
E toda a infância confundiu-se com os milagres desse saltimbanco
E de seus cães doentes à porta de sua tenda.
(Paulo Plínio Abreu)




Esperança


Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano

vive uma louca chamada Esperança
e ela pensa que quando todas as sirenas
todas as buzinas
todos os reco-recos tocarem,
atira-se
e
- o delicioso vôo -
será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
- Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá, então,
(é preciso explicar-lhes tudo de novo!),
ela lhes dirá, bem devagarinho. para que não
                [esqueçam nunca:
- O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
(Mário Quintana)

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

"O afeto é a cola da memória"

Poderia fazer morada às margens do teu coração. Depurar as águas desse rio que dele deságua. E cultivar vida. Então, saberias que a dor é só princípio de alegria.

domingo, 31 de agosto de 2014

"O lobo atrás da porta"



Quarta fui ao Líbero Luxardo assistir ao filme, “O lobo atrás da porta”. Filme nacional, de Fernando Coimbra, 2013. Antes, sentei sobre a grama da Praça Santuário para passar o tempo. O filme seria às 19h, ainda eram 15h30. Fumei um cigarro. (Merda, nunca mais vou fumar). (Besteira, até gosto de fumar). Li. Peguei um material do professor Manuel Antônio de Castro, “No princípio era a Poética”. A Leitura fluiu muito bem, só minha atenção que continua horrível. Me disperso fácil. Alunos de escolas públicas que ficam ali por perto. Discussão, quase porrada, de meninas de uma dessas escolas. (Vou ser professor!). O 40 Horas Ver-O-Peso atravessando a Avenida Nazaré. As pessoas na parada. Um bróder careca e barbudo, andando de skate na Generalíssimo. Homossexual de vestidinho curto, magro-magro, falando e gesticulando coisas incompreensíveis – estava longe –, que me fez rir. Terminei o cigarro. (Um por dia está bom). Comi uma maçã. Senti meus dentes sob o “poder higienizador” da maçã. (É o que dizem por aí). Me senti aliviado. Saúde, né! Mas, “No princípio era a Poética”. Compreendo muito pouco e o pouco que compreendo mal consigo verbalizar. Essa tal de Poética. Isso de ação originária. Que não é fundamento. Mas fundo sem fim. Onde não se lança em queda. Pois jorra. Jorra possibilidades de realização. (16h!). Decidi tomar uma cerveja antes do filme. (Eis que se rompe o casulo). Daria tempo. No Horto, pedi uma Brahma, mas o senhor me trouxe uma Draft. Por 4 reais e geladíssima daquele jeito. Perfeito. Fumei mais dois cigarros. (Sem neura). Li mais um pouco. Me dispersei. (17h45, não gosto de me atrasar). Sobre o filme, qualquer coisa que eu diga, não vai ter a mesma força e efeito que um soco na boca do estômago. (Não falo mais; tem um lobo a espreita, e é preciso dar-lhe cuidado). Antes de começar o filme, encontrei um conhecido – não tanto assim. Acabado o filme, a necessidade de se falar sobre os lobos atrás das portas, nos levou ao Bar do Parque. (20h45). 4 cervejas, nem tão geladas. Mais alguns cigarros. (!). Espiritismo. Umbanda. Candomblé. Heidegger. Bakhtin. E um brinde. Ao lobo atrás da porta de cada um de nós que, ao invés de sermos por ele devorados, rasgados, estripados, tenhamos a responsabilidade de mantê-lo sob abrigo e cuidado.


(00h30). O 40 Horas Ver-O-Peso veio primeiro. E um frio na barriga. E a ausência. Subi. Os lugares do lado direito estavam todos ocupados. Curioso. (!).

domingo, 22 de abril de 2012

Arrigo Barnabé

...e, (re)começando o(s) "Experimento(s)"!


Arrigo Barnabé surge na cena musical brasileira, em 1979, quando recebe o 1º prêmio do Festival Universitário da TV Cultura, com a música "Diversões Eletrônicas"(parceria com Regina Porto). Em 1980 lança o albúm independente "Clara Crocodilo", marco inicial da vanguarda paulista, apresentando uma fusão entre a música popular urbana e a música erudita contemporânea. Em 1984, com LP "Tubarões Voadores", inicia uma pesquisa de unir música e histórias em quadrinhos. Compôs trilha sonoras para os filmes, "Ed Mort" de Allain Fraisnot, "Alô" de Mara Mourão (em parceria com seu irmão Paulo) e "Oriundi" de Ricardo Bravo, e a música para a peça "Plaidoyer en faveur des larmes d'Heraclite de Bruno Bayen. Em 2004 escreve a trilha sonora para o documentário de longa metragem "Doutores da alegria" de Mara Mourão. Em 2005 se apresenta como narrador numa versão em português da "Ode a Napoleão" de Arnaldo Schoenberg, juntamente com o "Quarteto de cordas da cidade de São Paulo" e Paulo Braga (piano). Ainda em 2005 escreve a ópera "Enquanto estiverem acesos os avisos luminosos" com libreto de Bruno Bayen. Em 2008 compõe "Caixa de música" e "Out of Cage" para o grupo de percusão "Drumming".
Foi convidado para ser artista-residente na Unicamp durante o 1° semestre de 2008, e realizar com os alunos do curso, e alunos e professores de outros departamentos do Instituto de Artes da Unicamp, o espetáculo "Salão de beleza", que foi apresentado no Centro de Convivência de Campinas, em setembro do mesmo ano.
Seu mais recente trabalho consiste em outra trilha sonora, agora, para o filme de Allain Fraisnot "Família muda e vende tudo".


álbum: Clara Crocodilo
ano: 1980










álbum: Tubarões Voadores
ano: 1984










álbum: Cidade oculta
ano: 1986










álbum: Suspeito
ano: 1987










álbum: Façanhas
ano: 1992










álbum: Ed Mort
ano: 1997










álbum: Gigante Negão
ano: 1998

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álbum: A Saga de Clara Crocodilo
ano: 1999

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álbum: Missa in Memoriam Itamar Assumpção
ano: 2006


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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Wado



A carreira desse catarinense, radicado em Alagoas, é cheia de belas composições e álbuns quase esquecidos pela grande mídia. Com uma banda afiadíssima; bateria de Rodrigo Peixe, Pedro Ivo Euzébio nas programações, Bruno Rodrigues no baixo, Vitor Peixoto na guitarra e Dinho Zampier nos teclado e parceiro nas composições.
As participações especiais são muitas, além com os parceiros mais frequentes como Alvinho Lancelloti e Momo, além de Marcelo Camelo junto com Mallu Magalhães, Curumim e Fernando Anitelli, sem falar nos novos parceiros e co-autores Fábio Góes, André Abujamra, Zeca Baleiro e Chico César.
Este álbum segue o caminho natural traçado pelo próprio Wado, de uma aproximação grande com o eletrônico nas composições, que só vem crescendo desde "Terceiro Mundo Festivo" e "Atlântico Negro". Destaque para "Esqueleto" com participação de Curumim, lançada originalmente pela banda Sonic Jr., "Jornada" com Fábio Góes e "Beira Mar" com Abujamra e Lancelloti.
Wado usa alguns ditados popularizados pelos bailões de funk-carioca, como "elas estão descontroladas", para criar uma composição única e original que denota o brilhantismo da micro-tonalidade deste ritmo tão discriminado. Levando a crer, com o principal problema desse gênero, é na verdade a letra de certa forma horripilante e grotesca, que a maioria utiliza.
Nas letras, Wado continua um poeta que sabe muito bem brincar com as palavras ao mesmo tempo que faz belas melodias como em "Portas são para conter ou deixar passar". Dos antigos parceiros Momo e Lancelloti, gravou a bela "Recompensa, que encaixa tão perfeitamente no repertório do artista.
Wado segue no bom caminho musical e mercadológico ao se manter como artista que é o próprio selo e também a própria gravadora, no melhor sentido do "do it yourself". (Fonte: Eu Ovo)


álbum: Sama 808
ano: 2011


domingo, 12 de fevereiro de 2012

Letuce: Deleite-se com este Manjar



Formado por Letícia Novaes e Lucas Vasconcelos, Letuce, é de uma sutileza agradabilíssima. As influências são inúmeras, como é de se esperar das bandas do século XXI.
As nuanças de low profile, é o que mais nos salta aos ouvidos nas músicas deste casal, seja pela voz de Letícia, ou a guitarra de Lucas, mas eles flertam com ritmos brasileiros, também, como na música Sempre Tive Perna, um chorinho delicado.
Manja Perene, o novo cd da dupla, realmente foi feito para durar e satisfazer os espíritos inquietos.


álbum: Manja Perene
ano: 2012


Caravana (da) Sereia Bloom


Aqui está ela, e veio de caravana. A encantadora Céu. Seja por sua beleza, ou seu cantarolar irresistíveis, encanta corações e mentes.
Céu está no topo da lista de cantoras da "nova" MPB - como dizem por aí. É ela, acredito, quem mostre mais consistência e convicção em seu trabalho, como se tivesse compreendido por onde sua música caminha, seu methodo. Ela percorre este caminho com maestria, auscultando à sua música.
É neste exercício metafísico que nos apresenta seu novo cd, Caravana Sereia Bloom.


álbum: Caravana Sereia Bloom
ano: 2012


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Criolo: Conciliando o diverso


Cansado com o vasto número de músicos transbordando no cenário da música nacional, comecei a ficar mais exigente com que escutava, e tão logo isto tornou-se impraticável, decidi ficar um tempo sem baixar nada. Para compensar fui escutar os clássicos que tenho no hd, que nunca cessam em me surpreender. Por isso fiquei muito tempo sem atualizar o blog, mas cá estou.
Passado algum tempo desta incursão reflexiva sobre a mediocridade de grande parte dos músicos nacionais. Voltei a blogosfera. Procurando por algo novo, me deparei com "Nó na Orelha", álbum de Criolo.
Na primeira audição a experiência foi desagradável, excetuando duas ou três músicas, o resto acreditava ser facilmente descartável.
Ponderei. Estava sendo intransigente. As falhas que dizia ocorrer com a música de Criolo, eram, na verdade, o seu potencial.
A justificativa usada por mim, para sustentar o que afirmava, era: "Inconsistente, isso, ele é inconsistente. Começa o álbum com uma música estilo afrobeat, depois passa pro rap, reggae, samba. O que é isso? Esse cara não tem identidade!"
Sim, cometi esse equívoco, e incorri em contradição com pensamentos, meus, que há muito havia vencido.
Julguei identidade como sendo única e imutável, com isso estava afirmando que um músico deveria ter como fulcro determinado estilo musical.
Mas, nada como um exercício respiratório, e muitas conversas sobre o assunto com o amigo, primo e camarada de blog Ewerton Santos, para desanuviar a mente.
Criolo tem identidade, sim, do contrário, não veria diferença entre ele e Arnaldo Antunes, ou Kiko Dinucci, por exemplo. Porém, esta identidade não é fixa, imutável, o que quer dizer que pode manifestar-se de diferentes maneiras, ou neste caso, diferentes gêneros musicais.
Kleber Cavalcante Gomes, o Criolo, conciliando gêneros diversos da música, nos dá um "Nó na Orelha", em 2011. Acompanhado por músicos de extrema competência, entre eles Daniel Ganjaman, produtor deste disco, músico do coletivo Instituto, e ex Planet Hemp.
Criolo teima em intitular-se um rapper. Eu, porém, o digo um cantor, e dos bons. Pois, assim como suas músicas são de gêneros diversos, consequentemente ele acompanha estes gêneros, e o faz com maestria.


álbum: Nó na Orelha
ano: 2011


sábado, 3 de setembro de 2011

Hiromi Uehara: virtuose nipônica


A vós, caros apreciadores deste blog, apresento esta, que sem dúvida é o grande nome do Jazz contemporâneo; por sua virtuosidade diante do piano, por suas composições que flertam com o erudito e o pop, da melhor maneira possível; por sua performance que nos entusiasma, no sentido original da palavra: "entusiasmo" deriva do grego en theos, em deus, significando "inspirado por deus, tendo um deus em si, ou estando na presença de um deus". (Vogler, Christopher. A Jornada do escritor).
Hiromi Uehara, nascida em 26 de março de 1979, em Hamamatsu, Japão; é capaz de nos envolver nas atmosferas jazzísticas de suas músicas, de forma prodigiosa e impetuosa. Seu setup é composto por um piano acústico e sintetizadores, muito bem utilizados por ela.
Hiromi ultrapassa os limites de composição do piano jazz, alcançando novas fronteiras de composição e técnica.
Espero que vocês possam se sentir "entusiasmados" com ela!


álbum: Another Mind
ano: 2003











álbum: Brain
ano: 2004











álbum: Spiral
ano: 2005











álbum: Time Control
ano: 2007











álbum: Beyond Standard
ano: 2008











álbum: Duet: Chick Corea & Hiromi
ano: 2008











álbum: Place to be
ano: 2009


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álbum: Voice
ano: 2011


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álbum: Jazz In The Garden
ano: 2009


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