sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Criolo: Conciliando o diverso


Cansado com o vasto número de músicos transbordando no cenário da música nacional, comecei a ficar mais exigente com que escutava, e tão logo isto tornou-se impraticável, decidi ficar um tempo sem baixar nada. Para compensar fui escutar os clássicos que tenho no hd, que nunca cessam em me surpreender. Por isso fiquei muito tempo sem atualizar o blog, mas cá estou.
Passado algum tempo desta incursão reflexiva sobre a mediocridade de grande parte dos músicos nacionais. Voltei a blogosfera. Procurando por algo novo, me deparei com "Nó na Orelha", álbum de Criolo.
Na primeira audição a experiência foi desagradável, excetuando duas ou três músicas, o resto acreditava ser facilmente descartável.
Ponderei. Estava sendo intransigente. As falhas que dizia ocorrer com a música de Criolo, eram, na verdade, o seu potencial.
A justificativa usada por mim, para sustentar o que afirmava, era: "Inconsistente, isso, ele é inconsistente. Começa o álbum com uma música estilo afrobeat, depois passa pro rap, reggae, samba. O que é isso? Esse cara não tem identidade!"
Sim, cometi esse equívoco, e incorri em contradição com pensamentos, meus, que há muito havia vencido.
Julguei identidade como sendo única e imutável, com isso estava afirmando que um músico deveria ter como fulcro determinado estilo musical.
Mas, nada como um exercício respiratório, e muitas conversas sobre o assunto com o amigo, primo e camarada de blog Ewerton Santos, para desanuviar a mente.
Criolo tem identidade, sim, do contrário, não veria diferença entre ele e Arnaldo Antunes, ou Kiko Dinucci, por exemplo. Porém, esta identidade não é fixa, imutável, o que quer dizer que pode manifestar-se de diferentes maneiras, ou neste caso, diferentes gêneros musicais.
Kleber Cavalcante Gomes, o Criolo, conciliando gêneros diversos da música, nos dá um "Nó na Orelha", em 2011. Acompanhado por músicos de extrema competência, entre eles Daniel Ganjaman, produtor deste disco, músico do coletivo Instituto, e ex Planet Hemp.
Criolo teima em intitular-se um rapper. Eu, porém, o digo um cantor, e dos bons. Pois, assim como suas músicas são de gêneros diversos, consequentemente ele acompanha estes gêneros, e o faz com maestria.


álbum: Nó na Orelha
ano: 2011